Os tipos de matérias-primas que existe | EPI 005 Podcast Todos os Caminhos Vão Dar ao Aroma
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O podcast 'Todos os caminhos vão dar ao aroma' é um podcast patrocinado pela Jarilo. Neste podcast, Mariana a fundadora da Jarilo explora o mundo da perfumaria e tenta descobrir como se faz um perfume.
Este artigo é a transcrição do EPI 005. Os tipos de matérias-primas que existe
[Inicio da transcrição]
↳Neste episódio vou falar sobre os tipos de matérias-primas que existem, mas antes vou acender uma vela, como já referi gosto de usar velas para criar ambiente de foco e concentração. E hoje escolhi a vela Kerasion da minha marca a Jarilo que é uma vela aromática com notas de cereja muito confortável e perfeita para me acompanhar neste episódio.
↳Quando comecei a explorar a perfumaria a ideia que tinha é que os perfumes eram feitos com óleos essenciais e mais algumas coisas que eu não fazia a mínima ideia do que eram. Eu fiquei fascinada quando percebi a variedade de ingredientes que existe e as várias maneiras de os produzir.
↳Bem voltando ao óleos essenciais, eles são de facto muito utilizados na perfumaria e podem ser produzidos por prensagem a frio e por destilação.
↳A prensagem a frio tal como o nome indica é um processo que não requer calor e desta forma as moléculas não são alteradas e o óleo essencial extraído é similar à matéria-prima. Este método é muito utilizado para fazer óleos essenciais de citrinos, como a bergamota, a laranja e o limão. Para terem uma ideia para produzir um quilograma de óleo essencial de bergamota é necessário 200 quilogramas de bergamota.
↳A destilação é utilizada para extrair óleos essenciais de pétalas, sementes, folhas, raízes etc.. É um dos métodos mais antigos para produzir óleos essenciais, neste processo como é utilizado calor há alterações nas moléculas e os óleos essenciais produzidos a partir deste método não cheiram exatamente como a matéria prima original. Neste processo, por exemplo, para produzir 1 quilograma de óleo essencial de rosa é necessário 4500 quilogramas de pétalas de rosa.
↳Outro tipo de ingredientes que existe são os extratos de dióxido de carbono produzidos pela extração por dióxido de carbono. Neste processo o dióxido de carbono é comprimido até ficar líquido e colocado em contacto com as matérias-primas que podem ser bagas, raízes, matérias secas etc. age então como um solvente e absorve os componentes aromáticos é depois descomprimido voltando ao estado gasoso separando-se do extrato que é depois possível recolher.
↳Este processo é altamente eficaz para preservar a integridade olfativa das matérias-primas, pois ocorre em temperaturas relativamente baixas, reduzindo a degradação de moléculas sensíveis ao calor. Por isso, é frequentemente utilizado para extrair aromas complexos, como o da baunilha. Com este processo é necessário 18 quilogramas de vagens de baunilha para produzir um quilograma de extrato de dióxido de carbono de baunilha.
↳Temos também os absolutos, os concretos e os resinóides. São produzidos colocando um solvente em contacto com as matérias-primas, que podem ser pétalas, sementes, folhas, raízes, resinas, musgos, etc.. Este solvente absorve as moléculas aromáticas, criando uma substância densa e concentrada chamada concreto.
↳O concreto, então, passa por um segundo processo, onde é tratado com álcool para separar as moléculas aromáticas desejadas. Depois que o álcool evapora, resta um material ainda mais puro, chamado de absoluto. Os absolutos são muito valorizados na perfumaria pela sua intensidade e complexidade olfativa. Para terem uma ideia são necessários 400 quilogramas de jasmim para produzir 1 quilograma de absoluto de jasmim.
↳Já os resinóides são extraídos de matérias-primas sólidas ou viscosas, como resinas e bálsamos. Eles têm um perfil aromático profundo e terroso, muitas vezes usados para criar bases ricas e persistentes nos perfumes.
↳Este método permite capturar os componentes aromáticos de matérias-primas que não suportam o calor da destilação, como as flores delicadas do jasmim.
↳Ingredientes de origem animal também existem e tiveram um papel crucial na perfumaria, hoje em dia são normalmente substituídos por alternativas sintéticas devido a questões éticas e ambientais.
↳Um exemplo famoso é o Ambergris, uma substância cerosa excretada por cachalotes. Ela é encontrada a boiar no oceano ou dá à costa nas praias após passar anos a ser curada pelas condições do mar, desenvolvendo um aroma quente e ambarado.
↳Outro exemplo é o Musk natural que vem da glândula abdominal de um veado que existe na Ásia;
↳Temos também o Hyraceum, conhecido como “pedra da África”, que é a urina fossilizada de um animal chamado Hyrax, encontrado na África do Sul.
↳Outro ingrediente é o Civet, uma secreção extraída das glândulas perianais do Civeta, um pequeno mamífero nativo da África e da Ásia.
↳O Castoreum, proveniente das glândulas perianais do castor,
↳Por fim, há a cera de abelha, recolhida das colmeias. Ela possui um aroma suave a mel.
↳Pelo que sei, devido às questões éticas envolvendo a extração destes ingredientes de origem animal, a maioria dos perfumistas e das casas de perfumes prefere usar moléculas sintéticas que imitam estes aromas.
↳Destes materiais de origem animal o único que já cheirei foi o Ambergris, tive essa oportunidade no evento “Experimental Scent Summit” que aconteceu em 2024 em Lisboa no mês de junho e que fui assistir. O cheiro não me pareceu nada agradável, mas foi extraordinário ter na mão algo que já esteve dentro de uma cachalote.
↳As moléculas sintéticas são muito utilizadas hoje em dia, elas podem ser uma imitação de moléculas que existem naturalmente na natureza ou podem ser moléculas desenhadas por químicos e que não existem naturalmente na natureza.
↳Estes materiais são muito utilizados por serem na maioria dos casos mais baratos mas também até mais sustentáveis, porque não há uma exploração direta do meio ambiente.
↳Existem também outro tipo de ingredientes que são as bases e/ou os acordes mas no próximo episódio irei falar melhor sobre este tema.
↳Estes materiais podem se apresentar no estado líquido, como os óleos essenciais e absolutos, podem ser sólidos ou semissólido como as pastas, resinas e concretos e podem se apresentar também em forma de cristais ou em pó.
↳E podem ser categorizados de formas diferentes, como por exemplo pela origem como fiz neste episódio mas também pela volatilidade, ou seja, pela rapidez com que uma substância evapora e liberta seu aroma. As matérias-primas mais voláteis, como os óleos essenciais de citrinos, evaporam rapidamente, enquanto outras, como as madeiras e resinas, possuem uma volatilidade mais baixa e permanecem na composição por mais tempo.
↳Ou por família olfativa que agrupa as matérias-primas de acordo com o tipo de cheiro que elas possuem, como flores, frutas, especiarias, amadeirados, etc...
↳No próximo episódio, como já referi vou falar sobre bases e acordes.
↳Obrigada por ouvir este episódio do podcast “Todos os caminhos vão dar ao aroma”. Se gostou, não se esqueça de se inscrever, compartilhar com amigos, deixar um comentário ou enviar um email para todososcaminhosvaodaraoaroma@gmail.com.
↳Gostava muito de saber que ingredientes gostaria de conhecer, envie-me um email a contar tudo.
Até a próxima
[Fim da transcrição]
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